Um mal que está cada vez mais preocupando a medicina e os pais – obesidade infantil

São várias as causas da obesidade, que já é considerada uma doença, desde a genética, ou seja, as conhecidas “de família”, até culturais e de poder econômico.
Alguns estudos indicam que o aumento de peso principalmente entre as crianças está relacionada ao poder econômico da população, as classes C e D, classes pobres, são as camadas mais atingidas, devido o acesso ao alimento saudável, ou seja, essas pessoas consomem produtos mais baratos como pães, batatas, açúcares e massas em geral, produtos esses onde se concentra um grande teor de carboidratos e conseqüentemente são calóricos, o que leva ao ganho de peso, e que são os mais acessíveis ao bolso dessa população.
Ela ocorre quando a ingestão de alimentos é maior do que a energia que o organismo do indivíduo necessita no seu dia-a-dia.
Quando se está acima do peso ideal, a pessoa está predisposta a adquirir outras doenças graves, como por exemplo, diabetes, a hipertensão arterial, doenças estas que podem levar a morte do indivíduo dependendo do estágio da obesidade em que se encontra.
Desde cedo é preciso tomar alguns cuidados como, oferecer a criança uma alimentação colorida e saudável. Muitos pais têm o hábito de liquidificar a alimentação dos pequenos para facilitar a ingestão, mas o ideal é que a criança conheça o sabor de cada alimento que lhe é oferecido, para que não haja uma posterior rejeição.
Essas refeições devem ser momentos sagrados, devem ser realizadas em locais e horários certos, nunca efetuar as refeições assistindo TV, por exemplo, e os pais ainda precisam evitar oferecer trocas às crianças, como “se você comer tudinho, eu lhe dou um sorvete”, erros que muitos pais ainda cometem.
Sobre esse assunto, a seguir temos uma entrevista com a nutricionista, Simone Regina Basso - CRN8- 2606.
Adriana Marcon - A obesidade infantil está relacionada ao fator genética?
Simone Regina Basso - A predisposição genética é sem dúvida uma das causas de obesidade em crianças e adolescentes. Há estudos apontando que filhos de pais obesos tem em torno de 80% de chances de se tornarem adultos obesos, quando apenas o pai ou a mãe é obeso, essa porcentagem cai para 40% , e para menos de 10% quando não existe obesidade materna e paterna. Assim fica claro que existe a influencia genética como causa da obesidade, embora existam outros fatores importantes envolvidos com o estilo de vida, como hábitos alimentares incorretos e sedentarismo.
Adriana Marcon - Há algum tempo, criança gordinha era sinônimo de saúde. Hoje, pode-se dizer que essa concepção mudou, devido ao aumento de crianças obesas no Brasil?
Simone Regina Basso - Eu diria que sim. Com a transição nutricional da desnutrição para obesidade, que veio ocorrendo ao longo dos anos, não só no Brasil, mas em vários outros países, mudou também a concepção de que a criança gordinha é sinônimo de saúde. A obesidade hoje representa um grande problema de saúde pública, tanto pelo aumento dos índices, bem como pelas conseqüências que a obesidade acarreta: ansiedade, diabetes, colesterol e triglicérides elevados, hipertensão, problemas cardiovasculares e nas articulações.
Adriana Marcon - Quais as conseqüências que a obesidade pode trazer a estas crianças?
Simone Regina Basso - Além das doenças citadas anteriormente, que tem maiores chances de se desenvolver nas crianças obesas, a grande conseqüência é a probabilidade de se tornar um adulto obeso, com todos os problemas que a obesidade acarreta.
Adriana Marcon - Quais são os cuidados que se deve ter para evitar ou tornar amena a situação sem privar a criança?
Simone Regina Basso - O primeiro cuidado que se deve ter, é prevenir a obesidade infantil desde muito cedo, sendo oferecido à criança apenas leite materno até o sexto mês de vida da criança, conforme recomenda a OMS (Organização Mundial de Saúde), e há estudos apontando que bebês que mamam no peito têm menor risco de se tornarem obesos em idade posterior.
Na fase de desmame deve ser incluído alimentos doces e salgados, variadas em nutrientes para que a criança aprenda uma variedade de sabores e assim ser menos seletiva quando crescer.
Não se deve “cortar” alimentos da criança, pois é uma fase de crescimento e desenvolvimento, em maior ou menor velocidade dependendo da idade, porém os pais devem estar sempre atentos com a qualidade dos alimentos de seus filhos, inclusive dando exemplos próprios, pois seria contraditório pedir para a criança comer frutas se os pais não tem esse hábito.
O ideal é oferecer uma alimentação rica em nutrientes, variada e com alimentos como cereais, pães, frutas, legumes, carnes e laticínios sendo incluídas na alimentação diária, sem privar a criança de consumir salgadinhos, biscoitos recheados, balas, chocolates, frituras e outras guloseimas, porém que o consumo destes, seja feito esporadicamente e em pequenas porções, ou seja, sempre com limites.
Dica aos pais
Experimente antes de dizer que não gosta
Quando variamos nossa refeição, é sinal de que os nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo estão no prato. Cada tipo de alimento nos dá uma quantidade variada de nutrientes. O alimento que é rico em determinado nutriente pode apresentar baixa quantidade de outro, e por esse motivo é importante que seja feita a variação desses alimentos.
Mas se você sente dificuldade para modificar sua alimentação, seu paladar não aceita, é hora de mudar esse comportamento e ganhar todos os benefícios que uma alimentação diversificada nos traz. Veja algumas dicas que irão lhe proporcionar muita saúde.
Prove novos alimentos, é comum ouvir pessoas que dizem não gostar de certos alimentos sem ao menos ter provado. Deixe que novos alimentos ingressem e façam parte do seu dia-a-dia.
As primeiras tentativas podem ser difíceis, seu paladar deve ser estimulado. Se na primeira a aceitação do alimento não foi satisfatória, seja persistente. Experimente outra vez, mude a forma de preparo, o processo ocorre de forma semelhante à dos bebês quando estamos os apresentando os alimentos.
Conheça os mais variados sabores dos alimentos e use toda a sua criatividade e certamente irá encontrar o seu favorito.
Dessa forma pais e filhos terão uma harmonia na hora das refeições, pois as crianças são influenciadas por quem está sempre próximo delas, os pais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário